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Círio - Histórico 
Fonte: Portal FNC - Ana Cecília Lobão

     No segundo domingo de outubro acontece em Belém do Pará a maior e mais bela festa religiosa do Brasil e do mundo, o Círio de Nazaré. Há mais de dois séculos, a procissão reúne milhões de pessoas nas ruas da capital paraense em uma homenagem de devoção e fé à Nossa Senhora de Nazaré.
  
   Durante a procissão, a Berlinda que transporta a Imagem da Virgem de Nazaré é acompanhada por fiéis de vários lugares do Pará, do Brasil e do mundo. A cada edição, o Círio atrai um número maior de romeiros, cerca de 2 milhões de pessoas participam da procissão. Por essa grandiosidade, o Círio de Nazaré foi registrado, em setembro de 2004, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial.

     A devoção à Nossa Senhora de Nazaré no Pará começou em 1700, quando o caboclo Plácido encontrou uma imagem da Virgem no igarapé Murutucu, onde hoje é a Basílica Santuário. Após achar aquela imagem de 28 cm, Plácido a levou para sua casa e, no dia seguinte, ela teria sumido misteriosamente de lá e reapareceu no local onde o cabloco havia encontrado a Santa. O fato se repetiu várias vezes até a Imagem ser enviada ao Palácio do Governo. E Plácido decidiu construir uma pequena capela no lugar do achado, onde milhares de viajantes e romeiros vinham em busca de graças e milagres da Santa.
O primeiro Círio só foi realizado no dia 8 de setembro de 1973, com a organização do presidente da Província do Pará, Dom Francisco de Souza Coutinho. Inicialmente, a festa religiosa não tinha uma data fixa para acontecer, mas, a partir de 1901, o bispo Dom Francisco do Rego Maia determinou que a romaria fosse realizada sempre no segundo domingo de outubro.

     O percurso também sofreu diversas alterações até chegar ao trajeto atual que sai da Catedral Metropolitana de Belém à Basílica Santuário de Nazaré. Uma das mudanças aconteceu em 1853, quando, por causa de uma forte chuva, a procissão passou a ser realizada pela manhã.

     Atualmente, a Quadra Nazarena acontece durante 15 dias. Nesse período são realizadas várias manifestações religiosas, como o Círio Musical, reunindo dezenas de artistas da música católica, e as 11 romarias que compõem a festividade. Após a procissão do Círio, a Imagem de Nossa Senhora de Nazaré fica exposta na Praça Santuário para a visitação dos fiéis.

Símbolos do Círio
Fonte: Portal FNC e Círio de Nazaré

•    Imagens de Nª S. de Nazaré

Imagem Autêntica – A escultura de madeira encontrada pelo caboclo Plácido, em 1700, tem 28 cm de altura e é chamada de “Imagem Autêntica” ou “Imagem do Achado”.

     Durante o ano, a imagem fica na Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, em uma redoma de cristal no altar-mor, o Glória, entre anjos, nuvens e um belo esplendor de raios. De lá, ela só é retirada duas vezes ao ano: na cerimônia conhecida como a “Descida da Imagem” ou “Descida do Glória”, que ocorre na véspera do Círio; e no aniversário de elevação da Basílica à Santuário, que acontece desde 2006.

     No Círio, após a descida do Glória, durante toda a quinzena da Festa, a Imagem fica num nicho instalado no presbitério, ficando mais perto dos devotos. Desde que foi encontrada, a Imagem autêntica já foi restaurada três vezes. Ela é coberta por um manto canônico, trabalhado com fios e enfeites de ouro.

Imagem Peregrina - A partir de 1969, por motivos de segurança, a Imagem autêntica que era levada
nas procissões do Círio foi substituída por outra, que é uma cópia alterada da Imagem encontrada por Plácido. Chamada de “Imagem Peregrina” porque sai em todas as procissões e cerimônias oficiais da Festa Nazarena. Durante o ano, ela fica na sacristia da Basílica Santuário.

     A Imagem foi encomendada ao escultor italiano Giacomo Mussner, mas não reproduz os mesmos traços da Imagem “autêntica”. A Imagem Peregrina ganhou alguns traços da mulher Amazônida e o seu menino recebeu características indígenas e caboclas.
Em 2002, sofreu o primeiro restauro por meio de uma técnica empregada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

 •    Mantos
     Segundo a história do achado da Imagem da Virgem de Nazaré, ela já estava com um manto quando foi encontrada pelo caboclo Plácido. A tradição foi mantida e, ao longo dos anos, ela foi ganhando vários outros. Em 1953, a Imagem autêntica recebeu um manto bordado a ouro e pedras preciosas, durante o 6º Congresso Eucarístico Nacional, realizado em Belém, ocasião em que recebeu a Coroa Pontifícia.
     A confecção dos primeiros mantos é atribuída à irmã Alexandra, da Congregação das Filhas de Sant’Ana, do Colégio Gentil Bittencourt. Ela confeccionava o manto e o promesseiro doava o material. Foi assim até sua morte, em 1973. Depois disso, quem assumiu a missão foi a ex-aluna e ajudante, Esther Paes França. Até 1992, ela já tinha feito 19 mantos. Daí em diante, vários católicos passaram a confeccionar o manto. Estilistas famosos também têm desenhado e confeccionado os mantos anualmente.
     Até o ano de 1998, a doação do manto era guardada em sigilo e sempre fruto de promessas feitas a Nossa Senhora de Nazaré.

•    Berlinda
A Berlinda Hoje - A Berlinda que carrega a Imagem da Virgem de Nazaré na procissão do Círio tem 65 anos de história. Na parte interna, possui cetim drapeado no teto e pingentes de cristal. Ao centro, tem um dispositivo próprio para a fixação da Imagem. Ornamentada com flores naturais nas primeiras horas (madrugada) do dia do Círio, a Berlinda é colocada sobre um carro com pneus, que, na procissão, é puxado pela Corda conduzida pelos devotos.
     Este ano ela passou por um minucioso restauro baseado em um projeto da Diretoria da Festa de Nazaré, que tem a preocupação de preservar o patrimônio histórico. O trabalho foi feito pelo restaurador Sérgio Melo.  O destaque da restauração vai para a iluminação da Berlinda, que agora é feita por pequenas lâmpadas de led que emitem pouco calor.  A Berlinda também ganhou uma nova folhagem de ouro com 3 mil novas lâminas douradas. O carro que reverte a berlinda também ganhou uma nova roupagem.  Fazia cinco anos que a Berlinda não passava por um processo de restauração.

História da Berlinda - A Berlinda começou a fazer parte do Círio a partir de 1855, em substituição a uma espécie de carruagem puxada por cavalos ou bois, chamada de palanquim. Neste mesmo ano, com a necessidade da Berlinda ser puxada pelos fiéis para vencer um atoleiro, os animais foram substituídos por uma Corda, depois incorporada à tradição do Círio. Ela foi confeccionada em 1964, pelo escultor João Pinto, com estilo barroco e esculpida em cedro vermelho.

•    Corda
A Corda Hoje - A Corda puxada pelos promesseiros é um dos maiores ícones da grande procissão do Círio e, também, da Trasladação. Este ano, ela foi confeccionada em Santa Catarina e terá 400 metros de comprimento (em cada procissão), duas polegadas de diâmetro e é produzida em titan torcido de sisal oleado.
     Enfileirados, homens e mulheres puxam a Corda que faz a Berlinda com a Imagem da Santa se movimentar. Anteriormente amarrada à Berlinda, a partir de 1999 ela passou a ser atrelada por meio de uma argola metálica.
     Como são os promesseiros da Corda que dão ritmo à procissão, em alguns anos, a Berlinda precisou ser desatrelada antes do término da romaria para que o Círio pudesse seguir mais rapidamente. Até 2003, o formato da Corda era de “U”, ou seja, as duas extremidades eram atreladas à Berlinda. No ano seguinte, por motivos de segurança, ganhou formato linear, confeccionada por peças de duralumínio, o que deu origem às chamadas estações da Corda.

História da Corda - Durante a procissão de 1855, quando a Berlinda ficou atolada por conta de uma forte chuva, a Diretoria da Festa teve a idéia de arranjar uma grande Corda, emprestada às pressas de um comerciante, para que os fiéis puxassem a Berlinda. A partir daí, os organizadores do Círio começaram a se prevenir, levando sempre uma Corda durante a romaria. Mas, foi somente no ano de 1885 que a Corda foi oficializada no Círio, substituindo definitivamente os animais que puxavam a Berlinda.
     No Círio de 1926, o arcebispo Dom Irineu Jofilly extinguiu a Corda do Círio, já que “não compreendia o comportamento na Corda, onde homens e mulheres se empurravam em atitudes nada devotas”. A proibição gerou várias manifestações populares e políticas, mas chegou a durar cinco anos. Só em 1931, com a intervenção pessoal de Magalhães Barata, então governador do Estado, a Corda voltou a fazer parte do Círio.

•    Promesseiros
     Eles são protagonistas de algumas das imagens mais emocionantes e marcantes da Festa da Rainha da Amazônia. Além dos que vivem em Belém, chegam promesseiros do interior do Pará, de outros Estados e até de outros países. Todos reunidos pela fé em Nossa Senhora de Nazaré.
     Muitos seguem descalços na romaria, outros vestem seus filhos de anjos, puxam a Corda, distribuem água, carregam objetos de cera que representam curas alcançadas. Também é comum ver os fiéis carregando pequenas casas na cabeça e cruzes de madeira. O sacrifício, às vezes, supera os limites da dor e alguns fiéis seguem de joelhos toda a procissão. Tudo como forma de agradecimento à Virgem de Nazaré.

Museu - Os objetos carregados pelos fiéis são selecionados e parte deles vai para o Museu do Círio, que funcionou na cripta da Basílica Santuário até o ano de 2002, sendo transferido para o complexo Feliz Lusitânia, em 2003. Outra parte dos objetos vai para a Casa de Plácido, que fica na área do Arraial de Nazaré, mais precisamente no subsolo do Centro Social de Nazaré. Os objetos de cera danificados durante a procissão são derretidos e a cera é comercializada.

•    Cartaz
A cada ano, os cartazes do Círio são produzidos para distribuição à população, que tem o hábito de fixar nas portas de suas casas, como uma homenagem à Padroeira.
     O cartaz do Círio 2012 destaca a imagem de Nossa Senhora de Nazaré e ao fundo imagens da procissão mostrando os promesseiros na corda com as mãos levantadas e a berlinda que transporta a Virgem de Nazaré. As fotos usadas são dos artistas Guy Veloso e Luiz Braga. A novidade deste ano é que o cartaz traz a data do Círio, 14 de outubro.
     A confecção do cartaz bateu um novo recorde em relação aos outros anos. Para este ano a previsão é de 890 mil impressos. Especula-se que o primeiro cartaz tenha sido produzido em 1882, há 130 anos.

•     Hinos
     “Vós Sois o Lírio Mimoso” é considerado o hino oficial do Círio de Nazaré. Composto em 1909 pelo poeta maranhense Euclides Farias, posteriormente, foi acrescido de um refrão – escrito pelo advogado Aldebaro Klautau – que cita o nome da Senhora de Nazaré.
     O hino “Virgem de Nazaré” é, originalmente, um poema de autoria da poetisa paraense Ermelinda de Almeida, que por volta dos anos 60 foi musicado pelo Padre Vitalino Vari.
     Já “Maria de Nazaré” tem letra e música do sacerdote mineiro Padre José Fernandes de Oliveira (Padre Zezinho) e foi composto em 1975.

•    Carros
Além da Berlinda, outros treze carros acompanham a procissão do Círio. Eles são símbolos importantes da devoção mariana, onde os romeiros depositam objetos de promessa que carregam durante a procissão.
     Um desses carros – o dos Milagres – se refere ao milagre que teria ocorrido no ano de 1182, quando o fidalgo português Dom Fuas Roupinho, prestes a despencar num abismo com seu cavalo, recorreu a Nossa Senhora de Nazaré.
     Os outros carros são: Carro do Caboclo Plácido, o Barco dos Escoteiros, a Barca Nova, Carro do Anjo Custódio, Barca com Velas, Carro do Anjo Protetor da Cidade, a Barca Portuguesa, o Carro dos Anjos I, Barca com Remos, Carro dos Anjos, o Carro da Santíssima Trindade e o Cesto das Promessas.

•    Arraial de Nazaré
O Parque ou Arraial de Nazaré foi o símbolo do Círio que mais sofreu mudanças ao longo de mais de dois séculos.
     Desde o primeiro Círio, em 1793, o arraial já fazia parte da festa Mariana. Inicialmente, ele era uma feira de produtos agrícolas que vendia frutas e animais de pequeno porte, para atrair a população do interior do estado. Em seguida, foram criadas as barracas com comidas típicas. E só então os jogos, teatros e outras atrações surgiram. Com essa mudança, a feira agrícola foi superada.
     A fase áurea do Arraial de Nazaré ocorreu entre as décadas de 1940 e 1950. Nessa época, os grandes cantores nacionais se apresentavam nos teatros na época do Círio. Com o fim desses teatros, o modelo Parque de Diversões do arraial foi instalado.



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