Introdução
“Levantaram-se,
voltaram e contaram
o que tinha
acontecido no caminho”
(Lc
24,33.35)
Na
celebração dos 40 anos do Encontro de Santarém, nós bispos, representantes de
presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas e cristãos leigos e leigas das Igrejas
da Amazônia, nos reunimos às margens do Tapajós, na mesma cidade, para dar
Graças a Deus por esta caminhada e renovar nosso compromisso profético e
missionário de anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, para que n’Ele nossos
povos tenham vida! Este 10º Encontro se apresenta como um passo significativo
na caminhada de 60 anos, desde o 1º Encontro em Manaus (1952) e, iluminado
pelos 50 anos do Concílio Vaticano II, lança o olhar para frente, como o
profeta que supera o cansaço e prossegue
sua missão (cf. I Rs 19,7).
Louvamos
e agradecemos ao Deus da vida porque nestes 40 anos, não obstante nossas fragilidades,
nossa Igreja tem anunciado Jesus Cristo ressuscitado, caminho, verdade e vida.
Ela tem marcado presença junto ao povo sofrido, sendo muitas vezes a voz dos
povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, seringueiros e migrantes, nas
periferias e em novos ambientes dos centros urbanos animando as comunidades na
reivindicação do respeito pela sua história e religiosidade. A vida destes
povos, seu modo de viver, sua simplicidade, seu protagonismo, sua fé nos
encantam! Não faltou o testemunho de entrega da própria vida até o derramamento
de sangue. Este testemunho nos anima, nos encoraja e nos fortalece.
Nossos
olhos, contemplam uma realidade que ainda
permanece desafiadora e ameaçadora. O que se apresenta como caos no campo
social, político, econômico e cultural é, na verdade, fruto de projetos ambiciosos
e bem articulados que querem avançar a qualquer custo, esmagando toda forma de
vida que se mostre como empecilho ou resistência. Não temos outra Palavra senão
o juízo de Deus sobre todas estas coisas. Queremos continuar respondendo profeticamente
aos desafios da nossa história e ser fiéis à missão que nos foi confiada pelo
Senhor.
.
Sentimos a necessidade de uma conversão pessoal e de nossas estruturas. A
transformação libertadora e salvadora da realidade começa com a nossa vida
cristã e com a renovação das nossas comunidades.
Neste
encontro, emerge com mais clareza a urgência de evangelizar a partir do encontro
com Jesus Cristo Verbo encarnado, profeta e missionário do Pai, tendo o Reino
como horizonte e de dinamizar e formar comunidades eclesiais vivas,
proféticas e missionárias, como as CEB’s e outras formas de vivência
comunitária, para que a Igreja “comunidade de comunidades” seja testemunho de
comunhão.
“Somos
conscientes de que nunca será possível a evangelização sem a ação do Espírito
Santo” (EN 74). Ele nos fará conservar na Amazônia a alegria e o entusiasmo
para evangelizar, mesmo entre lágrimas e perseguições”. Necessitamos na
Amazônia de um novo Pentecostes que nos transforme profundamente.
Diante
dos desafios
sociais, políticos e econômicos, culturais, religiosos e eclesiais da realidade
amazônica, decidimos fortalecer
o compromisso profético de transformação e reafirmar o projeto de formação inspirado na
espiritualidade do seguimento de Jesus Cristo que convoca a Igreja para uma
profunda conversão pastoral (cf. DA 360-365; 170-175).
Nesta caminhada não estamos sozinhos,
o Cristo que aponta para Amazônia, arma a sua tenda entre nós (cf Jo 1,14).
01. Quarenta anos do
Documento de Santarém: intuições, avanços e esperanças
UMA IGREJA DE
ROSTO AMAZÔNICO
Desde 1952
nossos pastores mantêm a “tradição” de se encontrar para analisar e tomar
posição em relação à realidade da Amazônia, manifestando espírito de unidade e
colegialidade, além da responsabilidade comum diante dos graves problemas da
região.
Um dos
encontros mais significativos e marcantes dessa caminhada histórica foi o de
Santarém, realizado em 1972, que gerou um documento cujas orientações
iluminaram a vida e a missão da Igreja regional. Encarnação na realidade e
evangelização libertadora foram as diretrizes fundantes de um novo rosto da
Igreja que passou a assumir opções marcantes dentro de um contexto de exclusão
e marginalização; nessas diretrizes e opções se inscreve uma identificação com
a missão salvífica de nosso Senhor Jesus Cristo.
Ao longo
desses anos, além de influenciar as decisões das assembleias regionais, a
formação dos agentes de pastoral, sobretudo a dos presbíteros e também dos
leigos e leigas, alguns acontecimentos receberam de Santarém inspiração ou
motivação na sua realização: o Projeto Igrejas-Irmãs, o CIMI e a CPT, as diversas ações pastorais das
dioceses/prelazias, o Congresso Eucarístico de Manaus (1975), o encontro de
1990 sobre Ecologia e rosto da Igreja na Amazônia, a criação da Comissão
Episcopal Especial para a Amazônia da CNBB,
alguns projetos da CRB,a escolha do tema da Campanha da Fraternidade de
2007 sobre a Amazônia: “Vida e Missão neste chão”.
Após
Santarém, outros encontros se realizaram, destacando-se os de Manaus em 1997 e
2007 que expressaram e ratificaram a caminhada feita, aprofundaram e
atualizaram suas intuições.
Como
fruto da ação do Espírito Santo nesse processo, surge o rosto de uma Igreja
amazônica:
·
Uma
Igreja solidária-samaritana, caminhando com o povo mais sofrido, especialmente
índios, agricultores, ribeirinhos... Bispos, padres, agentes pastorais,
religiosas e religiosos fizeram de seu trabalho pastoral-evangelizador anúncio
da Boa Nova aos pobres e denúncia das condições de miséria e exclusão social.
·
Uma
Igreja ministerial e missionária, favorecendo o protagonismo dos leigos e
leigas e investindo mais na formação dos agentes de pastoral locais, com uma
intensa participação também da Vida Religiosa consagrada;
·
Uma
Igreja cuja expressão maior foram as comunidades eclesiais de base: sua
organização e missão nos mais distantes rincões dessa Amazônia tornaram a
Igreja mais presente e mais próxima da vida do povo.
·
Uma
Igreja irmã da criação: que considera como parte de sua opção fundamental a
salvaguarda de toda criação e chama todos os homens e mulheres a cuidarem do
Planeta como casa comum.
Na
Amazônia a Igreja realizou seu protagonismo de ser comunidade de comunidades a
partir do anúncio da Palavra pela
missão descentralizada e testemunhada, o que gerou profecia e martírio.
Não obstante os desafios e limites, a
Igreja amazônica vive e cresce com características próprias, enraizada na
sabedoria tradicional e na religiosidade popular, fortalecida e ungida pela
Palavra de Deus e pela Eucaristia, que durante muito tempo alimentaram e
continuam a manter viva a espiritualidade dos povos das florestas, das águas,
das estradas e cidades. Gente que enfrenta com alegria as dificuldades das
distâncias e da falta de comunicações, a escassez de recursos e oportunidades,
para encontrar-se e oferecer sua participação a fim de que este pedaço de chão
seja efetivamente "chão da partilha fraterna, pátria solidária de povos e
culturas, casa de muitos irmãos e irmãs. Anúncio de esperança e de paz para os
povos da Amazônia e de todo o Brasil".
02. O compromisso profético
de transformação que considera os desafios sócio-político-econômicos da
realidade amazônica
“Não tenhas medo (...)
Nesta cidade há um povo numeroso que
me pertence”
(At
18,9)
Após
40 anos de caminhada como Igreja, seguindo as intuições e orientações do
Documento de Santarém (Linhas Prioritárias para a Amazônia) constatamos que, a realidade da Amazônia, mesmo com alguns
avanços, em muitos aspectos não apresenta mudança e sim agravamento, o que
indica que o nosso povo continua vítima de uma tirania política e econômica. Antigos
e novos problemas afetam a região, deixando à margem e afastados de todos os
benefícios que são gerados pelos projetos econômicos, milhares de amazônidas
que, expulsos de suas terras ou atraídos pelas promessas ilusórias de uma vida
melhor, passam a vagar de cidade em cidade buscando viver com dignidade.
Queremos
ser uma Igreja pobre junto aos pobres,
solidária com os excluídos e abandonados da Amazônia, também em momento de
enfrentamento. Buscaremos aprofundar de modo sistemático a compreensão das
causas e consequências dos mecanismos que geram miséria e exclusão social e
estimular a articulação de uma rede de formadores de opinião apoiados pela
Comissão Episcopal para a Amazônia para análise da realidade em nível regional
e diocesano, além dos assessores locais.
Diante dos
desafios abaixo destacados, assumimos compromissos que revelam o rosto
solidário, profético e missionário da Igreja frente aos apelos de Deus
presentes na vida do nosso povo. :
1.
Defesa de
todas as formas de vida – acima de tudo da vida humana - da bio e sócio
diversidade e da sustentabilidade a partir das culturas indígenas, quilombolas
e ribeirinhas e dos projetos de bem viver de nossos povos.
1.1. Assumir e
implantar as comissões em defesa da vida;
1.2. Apoiar
alternativas agro-ecológicas e energéticas de produção adaptadas ao
bioma, descentralizadas e diversificadas,
que protejam as florestas e os rios;
1.3. Defender o
território e o habitat dos povos da Amazônia respeitando a vocação de cada microrregião
lutando para garantir a sobrevivência das futuras gerações;
2. Avanços do agronegócio, da mineração, das
hidroelétricas, da nova fronteira agrícola e aumento de conflitos na luta pela
terra.
2.1. Denunciar os
grandes projetos que estão destruindo as florestas e se apropriando das terras
dos povos tradicionais;
2.2. Disponibilizar,
através da CNBB, um serviço de informação e orientação prática para que as
dioceses e prelazias tenham elementos para enfrentar os grandes projetos e suas
consequências;
2.3. Orientar,
apoiar e fortalecer a organização das comunidades indígenas, quilombolas, rurais
e ribeirinhas na defesa de seus direitos, da sua cultura e de seu território.
3.
O fenômeno da
Urbanização, as migrações a formação de novas cidades e o inchaço das grandes
cidades, aumento do uso das drogas, do narcotráfico, tráfico de armas e a
violência.
3.1. Compreender e
enfrentar pastoralmente os desafios da cultura urbana nas situações de
migrações, drogas, violência, exploração sexual de crianças e adolescentes, tráfico
de pessoas e corrupção;
3.2. Realizar
seminários na Amazônia para compreender melhor os mecanismos do narcotráfico;
3.3. Fortalecer e
apoiar as iniciativas de ajuda às pessoas dependentes do álcool e das drogas.
4.
Ausência do
Estado na aplicação de políticas públicas e garantias de direito, porém, com
apoio e incentivo ao grande capital; aumento da corrupção nas instâncias e
organismos públicos.
4.1. Lutar contra a
corrupção e a impunidade nos setores públicos;
4.2. Incentivar a
participação nos conselhos paritários de políticas públicas e formar pessoas
para esta atuação, com consciência crítica, coragem e exercendo o profetismo;
4.3. Valorizar as
Semanas Sociais Brasileiras;
4.4. Reforçar a
formação cristã sócio-transformadora dos agentes de pastoral para o exercício
da cidadania fundamentada na Doutrina Social da Igreja;
4.5. Articular as
Pastorais Sociais, as Comissões de Justiça e Paz, Cáritas e Centros de Defesa
dos Direitos Humanos, CIMI e CPT;
4.6. Fortalecer a
Pastoral da Criança;
4.7. Utilizar os
meios de comunicação social, como a Rede de Notícias da Amazônia, TV Nazaré,
rádio, televisão, internet, escolas católicas, para conscientizar, educar,
evangelizar;
4.8. Contribuir
para a mudança da mentalidade que considera a Amazônia colônia ou periferia do
Brasil;
4.9. Denunciar o
Estado quando deixa de exercer seu papel moderador impedindo que os fortes
esmaguem os fracos ou, pior ainda, quando também se alia à iniciativa privada
para executar projetos que destroem o meio ambiente e não respeitam os direitos
dos amazônidas.
03. O Projeto de Formação inspirado na Espiritualidade do seguimento
de Jesus Cristo que arma sua tenda na Amazônia e que convoca a Igreja para
assumir os desafios da realidade religiosa e eclesial
. “Levanta-te, desce e vai com eles
sem hesitar,
pois fui eu que os mandei” (At 10,25)
Nestes 40
anos, nos identificamos como uma Igreja encarnada, articulada nas inúmeras
comunidades cristãs de base. No encontro de Manaus, ao celebrarmos os 25 anos
de Santarém (1997), o documento final “A
Igreja se faz carne, e arma sua tenda na Amazônia” apresenta, uma profunda
e clara consciência de uma Igreja discípula da Palavra, testemunha do diálogo,
servidora e defensora da vida, irmã da criação, que se deixa iluminar por
algumas perspectivas evangelizadoras: Inculturação, cidadania, formação e
anúncio central da Boa Nova! Dez anos depois, no Encontro de 2007, reafirmamos
nossa identidade de Igreja discípula missionária, ministerial, que assume a
vida do povo, que se articula na paróquia como rede de comunidades e nas
comunidades eclesiais de base.
Em meio aos
desafios de hoje, inspirados também pela Conferência de Aparecida (2007) e pelas
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-2014) e das
urgências ali indicadas, destacamos:
1.
Iniciação
Cristã à luz da Palavra de Deus e a Catequese de inspiração catecumenal
1.1. Cuidar para
que a Palavra de Deus ocupe o lugar central, através da animação bíblica da
vida cristã e da ação evangelizadora;
1.2. Educar para
interação fé e vida, que possibilite desde o início a conscientização como
pressuposto indispensável a libertação;
1.3. Promover a
leitura orante da Bíblia;
1.4. Conduzir ao
encontro pessoal com Cristo através dos sacramentos, principalmente da
Eucaristia;
1.5. Orientar para
que vida sacramental se expresse do compromisso social e comunitário do cristão;
1.6. Envolver a família como corresponsável do
processo de iniciação de iniciação cristã.
2.
Comunidades
eclesiais vivas missionárias, proféticas e
abertas ao diálogo ecumênico e interreligioso como as CEB’s e outras formas de vivência comunitária.
2.1. Formar e
dinamizar comunidades e lideranças missionárias numa pedagogia que considere a
vida e a realidade das pessoas dando-lhes atenção e acompanhamentos necessários
a fim de que abracem com convicção o seguimento a Jesus Cristo, sendo
protagonistas da missão;
2.2. “Formar
ministérios adequados às necessidades de nossas comunidades, especialmente o
ministério do pastoreio de comunidades, exercido por leigos (as) que sejam
servos (as) do povo, abertos (as) ao diálogo e ao trabalho em equipe e que,
devidamente preparados (as) assumam, em nome da Igreja a direção pastoral de uma
comunidade, sendo por ela sustentados (as)” (Doc. Manaus, 1997, nº 47);
2.3. Assumir a
Igreja ministerial que acolhe, valoriza e cria espaço para que os dons e
carismas se concretizem através dos leigos, religiosos e presbíteros segundo as
características da Amazônia;
2.4. Viver o
caminho da Igreja Profética que escuta a Voz de Deus na Palavra Sagrada Escrita
e nos gritos do povo e proclama a luz de Deus que denuncia erros e injustiças,
apontas luzes e esperanças;
2.5. Cultivar a
espiritualidade do seguimento a Jesus Cristo que arma sua tenda na Amazônia,
fazendo nascer convicções e tornando-as firmes;
2.6. Valorizar as
assembléias e conselhos pastorais como espaço de comunhão, participação e
compromisso;
2.7. Capacitar as
lideranças para visitas continuadas a famílias e comunidades, especialmente as
mais distantes;
2.8. Considerar e
fortalecer as diferentes comunidades rurais, ribeirinhas, das estradas, indígenas,
quilombolas e das periferias;
2.9. Incentivar a presença e a ação dos leigos e
leigas em todos os ambientes urbanos para que sejam protagonistas da
evangelização;
2.10.
Promover
iniciativas ecumênicas por meio de atividades caritativas e sociais;
2.11. Ir ao encontro
dos católicos afastados e acolher os que retornam de outras igrejas;
2.12. Valorizar as
devoções populares iluminando-as com a Palavra.
3.
Formação
presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas para uma Igreja
toda ela missionária e ministerial:
3.1. Priorizar e
investir em formação permanente (compromisso constante), diversificada (padres,
diáconos, leigas/os levando em conta as diferentes atuações do laicato dentro
da Igreja e na sociedade), descentralizada e encarnada (a partir da realidade)
numa atitude transformadora e libertadora;
3.2. Valorizar e
integrar as diferentes experiências de formação dos nossos regionais;
3.3. Aproveitar os
recursos tecnológicos, como cursos à distância;
3.4. Fortalecer os
centros de formação já existentes (Instituto Pastoral Regional - IPAR,
Instituto Regional para a Formação Presbiteral – IRFP, Instituto de Teologia,
Pastoral e Ensino Superior - ITEPES, Faculdade Católica de Rondônia, Centro de
Cultura e Formação Cristã –CCFC, Faculdade Diocesana São José – (FADISI);
3.5. Promover o intercâmbio
entre Institutos, casas de formação e escolas de lideranças;
3.6. Criar equipes
itinerantes de formação;
3.7. Estimular
planos de formação integral, processual e inculturada;
3.8. Formar presbíteros
despojados, simples que não busquem auto-promoção, que sejam missionários em
maior sintonia e contato com as comunidades;
3.9. Formar
Diáconos Permanentes considerando as orientações da CNBB;
3.10. Criar um
Instituto de Pastoral para o Noroeste;
3.11. Realizar experiências
missionárias com os seminaristas, religiosos e leigos;
3.12. Fortalecer as escolas
de fé e cidadania, bíblicas e teologicas nas dioceses e prelazias.
4.
Opção pela
evangelização da juventude
4.1. Fortalecer as
diversas expressões da juventude (grupos, PJs, movimentos);
4.2. Apoiar o setor
juventude como articulador da Pastoral Juvenil em nossas dioceses e prelazias;
4.3. Articular a Pastoral
Juvenil com Pastoral da Educação e Universitária;
4.4. Preparar
pessoas para o acompanhamento dos jovens;
4.5. Ajudar na formação de professores católicos para
o ensino religioso.
5.
Sustentabilidade
econômica
5.1. Melhorar e
motivar a pastoral do dízimo como instrumento principal de auto-sustentação;
5.2. Assumir a
Campanha de Solidariedade e Partilha de todas as Igrejas do Brasil em vista da
formação de seminaristas;
5.3. Reforçar as
Campanhas de Evangelização, CF e Missionária;
Conclusão
“Eu vos disse estas coisas para que,
em mim, tenhais paz.
No mundo tereis aflições, mas tende
coragem!
Eu venci o mundo” (Jo 16,33)
Somos uma
Igreja encarnada que peregrina na história humana. A partir do nosso chão
amazônico renovamos o compromisso de partilhar “as alegrias e as esperanças, as
tristezas e as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e
de todos aqueles que sofrem” (cf. GS 1). Cada vez mais percebemos a urgência de
sermos sinais da novidade evangélica, muitas vezes impelidos a andar na
contramão do que convencionalmente é aceito; na rejeição das alianças com
qualquer tipo de poder que oprima e comprometa a liberdade dos filhos filhas de
Deus. O importante, para nós, é manter a fidelidade no seguimento a Jesus
Cristo e ao seu projeto de vida nova.
A profecia nos
impele a apresentar a Boa Nova de Jesus como alternativa diante de uma sociedade
de consumo. À economia do mercado, dominada pela ganância do capital,
respondemos com a busca de uma economia solidária e fraterna. Aos encantos do
sucesso e das aparências, respondemos com a simplicidade e a beleza do nosso
povo, mistura de indígenas e de migrantes. À tentação de uma religiosidade
individualista, alienante e triunfalista, fundada na prosperidade egoísta,
respondemos com a proposta das pequenas comunidades e do seguimento de Jesus,
no caminho da iniciação cristã, que se expressa também por meio de nossas
devoções, procissões, romarias e círios.
As nossas
festas religiosas são frutos da ação do Espírito Santo no coração dos pequenos
e são alimentadas pela sabedoria popular, pelas tradições seculares e pelo
testemunho de tantos irmãos e irmãs que construíram catedrais, igrejas e
capelas nas cidades, nas margens dos rios e das estradas, verdadeiros
desbravadores e evangelizadores desta imensa Amazônia. Contemplamos a grandeza
de Deus que se revela no agir dos pobres.
No caminho de
“Santarém”, novamente nos lançamos nas estradas e rios, nas aldeias e
quilombos, nos interiores e periferias das cidades desta imensa Amazônia,
abraçando a Missão que nos foi confiada, comprometidos com toda a criação e na
busca de sermos autênticas comunidades de fé alimentadas pela Palavra e pela
Eucaristia. Nesta hora histórica, o nosso coração, às vezes se angustia com
tantas dificuldades, aparentemente insuperáveis, que nos desafiam. No entanto,
continuamos a ser chamados e enviados como missionários e profetas para
alimentar a esperança de um mundo novo “germe e início” aqui na terra (cf. LG
5) do Reino da santidade e da graça, da
verdade e da vida, da justiça, do amor e da paz (cf. prefácio Festa de Cristo
Rei). Este, e somente este, é o Reino de Jesus Cristo, “o mesmo ontem, hoje e
sempre” (Hb 13,8).
Confiamos na
proteção de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira da Amazônia. A exemplo dos
nossos pastores no Encontro de Santarém,
pedimos: “a mão de Cristo que aponta para nós não nos censure as imperfeições e
infidelidades, mas ao contrário, nos anime e nos ampare, nos fortaleça e nos
auxilie, apontando as melhores soluções para sermos dignos evangelizadores no
momento histórico que vivemos (Doc. Santarém 1972).
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